Bandas dos anos 80 e 90, a originalidade dos sons de uma era
(Foto: Divulgação)
Fãs de rock serão praticamente unânimes ao apontar como as bandas do passado soam diferenciadas em comparação aos grupos atuais. Por vezes o argumento esbarra no saudosismo, mas também há certa coerência em destacar tais distinções. Afinal de contas, eram outros tempos, e artistas contratados por grandes gravadoras tinham um alto investimento — o que permitia trabalhar com mais calma em seus “produtos”.
Matt Cameron acredita, especificamente, que as bandas dos anos 1980 e 1990 tinham algo de especial. Em entrevista à rádio 95.5 KLOS (via Ultimate Guitar), o baterista do Pearl Jam e Soundgarden, dois dos maiores expoentes da chamada cena grunge — que viveu seu auge no início da última década do século 21 —, refletiu sobre o assunto. Para o músico, o grande charme dos artistas e grupos do período mencionado é o fato de todos terem “seu próprio som”. Isso valia para qualquer subgênero do rock, não apenas o alternativo.
“Muitas bandas dos anos 1980 e 1990 simplesmente tinham seu próprio som. Tipo, Sonic Youth não soava como ninguém, Scratch Acid não soava como ninguém, Big Black não soava como qualquer outro, Jane’s Addiction, Guns N' Roses. E todas as nossas bandas de Seattle soavam bastante únicas.” Ainda de acordo com Cameron, não houve uma tentativa orquestrada de encontrar uma sonoridade única. Em relação ao movimento grunge, bandas como Nirvana, Alice in Chains, Mudhoney e os próprios grupos dos quais o baterista faz parte atingiram a originalidade de forma orgânica.
Parceiro de Matt Cameron no Soundgarden, o guitarrista Kim Thayil refletiu em entrevista a Pete Thorn (via Killer Guitar Rigs) sobre o diferencial específico do grunge. Inicialmente, ele destacou uma compilação chamada Deep Six, gravada em 1985 e lançada no ano seguinte. O material trouxe músicas de seis bandas de Seattle: Melvins, Green River, Malfunkshun, Skin Yard e U-Men, além do Soundgarden. Ali, segundo Kim, já era possível notar uma “identidade estilística particular” que ele define da seguinte forma: “Ficou claro que havia uma série de bandas que surgiram do movimento indie underground punk que usavam ritmos mais lentos ou padrão em oposição aos modelos hardcore.”
Ainda segundo o guitarrista, levou algum tempo até que a banda tivesse consciência do mencionado diferencial — usar ritmos mais lentos e arrastados em relação a outras bandas. Thayil destacou que o hardcore exerceu, sim, influência na cena grunge. Contudo, o movimento era um pouco mais diverso.
Essas reflexões de Matt Cameron e Kim Thayil nos levam a entender melhor a singularidade das bandas dos anos 80 e 90. Era uma época em que a originalidade não era apenas valorizada, mas essencial para se destacar. Cada banda tinha sua própria identidade sonora, resultando em um panorama musical rico e diversificado que ainda ressoa profundamente com os fãs de rock de todas as idades.
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