O filme de 2018, estrelado por Helen Mirren, dramatiza a vida de Sarah Winchester e sua mansão misteriosa, mas a realidade é ainda mais fascinante
(Foto: Divulgação)
O filme A Maldição da Casa Winchester (2018) captura o fascínio em torno da enigmática mansão Winchester, situada em San Jose, Califórnia, e de sua igualmente intrigante proprietária, Sarah Winchester. Estrelado por Helen Mirren, o longa leva o público a uma narrativa de terror sobrenatural, onde Sarah é retratada como uma mulher obcecada pela construção de sua casa, numa tentativa de escapar de espíritos vingativos das vítimas das armas de fogo fabricadas pela empresa de seu falecido marido. No entanto, a verdadeira história de Sarah Winchester vai além do que é mostrado nas telas.
Na vida real, Sarah Winchester não era apenas uma herdeira rica, mas uma mulher multifacetada, marcada por profundas perdas pessoais. Ela era uma arquiteta amadora apaixonada, uma investidora imobiliária sagaz e uma empresária independente. Após a perda de sua filha recém-nascida e, mais tarde, de seu marido, Sarah herdou uma fortuna de US$ 20 milhões, além de uma participação na lucrativa empresa de rifles Winchester. Mesmo com essa imensa riqueza, o luto e a dor levaram Sarah a deixar Connecticut e se mudar para San Jose, onde ela deu início à construção da famosa mansão.
Em 1886, Sarah comprou uma modesta casa de campo com oito cômodos e iniciou sua transformação em uma mansão colossal. Ao longo de 36 anos, ela supervisionou a construção contínua da propriedade, que acabou se tornando um labirinto de 24 mil metros quadrados, com 160 quartos, 2 mil portas, 10 mil janelas, 47 escadas e seis cozinhas. A complexidade e a expansão incessante da mansão alimentaram rumores sobre a sanidade de Sarah e a origem sobrenatural de suas motivações.
Embora o filme sugira que Sarah estava assombrada por espíritos e que um médium a orientou a construir a mansão para confundi-los, esses elementos são, na verdade, mais ficção do que fato. As histórias de que Sarah teria consultado um espiritualista de Boston, chamado Adam Coons, carecem de respaldo histórico. Não há evidências confiáveis de que ela tenha se encontrado com qualquer médium, e a imagem de Sarah como uma mulher perturbada foi, em grande parte, construída após sua morte.
Após a morte de Sarah em 1922, a mansão foi aberta ao público como atração turística, e os novos proprietários, John e Mayme Brown, criaram narrativas fantasiosas sobre a casa e sua proprietária para atrair visitantes. Essas histórias foram amplificadas pela visita do famoso ilusionista Harry Houdini em 1924, que ajudou a popularizar o nome "Winchester Mystery House".
Apesar das lendas, Sarah Winchester era muito mais do que uma figura excêntrica. Ela empregou centenas de trabalhadores locais e investiu em projetos de construção inovadores. A casa que deixou para trás é um testemunho de sua criatividade e resiliência, mas também serve como um lembrete de como sua história foi distorcida ao longo do tempo, tornando-se uma das lendas mais persistentes da cultura americana.
A mansão Winchester permanece como um símbolo do mistério e da engenhosidade de sua criadora, desafiando as narrativas simplistas que frequentemente a cercam. Assim, enquanto o filme A Maldição da Casa Winchester oferece um entretenimento assustador, a verdadeira história de Sarah Winchester revela uma vida muito mais rica e complexa, onde realidade e lenda se entrelaçam de maneiras fascinantes.
Veja Também: Filmes e Séries | Lançamentos da semana