Crítica | Branca de Neve
- Redação neonews
- 26 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de mar.
Branca de Neve - Entre o clássico e o contemporâneo, a Disney reconta sua primeira princesa com mudanças cautelosas, mas nem sempre eficazes

(Foto: Divulgação)
Primeira princesa da Disney e símbolo da Era de Ouro da animação, Branca de Neve e os Sete Anões (1937) redefiniu a forma como o cinema contava histórias. Agora, quase nove décadas depois, a gigante do entretenimento resgata sua origem em uma versão live-action dirigida por Marc Webb (O Espetacular Homem-Aranha). Estrelado por Rachel Zegler e Gal Gadot, o filme busca equilibrar a fidelidade ao material original com uma roupagem mais moderna, mas sem ousar a ponto de reinventar a trama. O resultado é uma produção visualmente encantadora, mas que não se arrisca o suficiente para marcar época.
A história já conhecida recebe algumas adaptações sutis. Branca de Neve (Zegler) é introduzida como uma jovem feliz, cujo nome remete à nevasca de seu nascimento. Após a morte da mãe, seu pai se casa com uma mulher misteriosa, que logo se revela a temida Rainha Má (Gadot). Quando o espelho mágico proclama que a princesa se tornou a mais bela do reino, a vilã ordena sua morte. Fugindo para a floresta encantada, Branca encontra refúgio em criaturas mágicas (que substituem os clássicos sete anões) e inicia sua jornada de crescimento pessoal. A mudança mais notável no roteiro é a remoção do príncipe como salvador. Agora, ele é um ladrão astuto e corajoso, enquanto a princesa assume um papel mais ativo na resolução do conflito.
O roteiro, assinado por Greta Gerwig (Barbie) e Erin Cressida Wilson (A Garota no Trem), apresenta diálogos refinados e reflexões sobre padrões de beleza e independência feminina. No entanto, sua reescrita constante parece ter diluído a identidade da história, resultando em uma narrativa que oscila entre o progressista e o conservador. A decisão de transformar os anões em seres mágicos, por exemplo, gerou polêmica e parece atender mais a uma necessidade comercial do que a uma escolha criativa genuína.
As atuações de Rachel Zegler e Gal Gadot são um ponto de contraste no filme. Zegler, já reconhecida por sua performance em Amor, Sublime Amor e A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, entrega uma Branca de Neve carismática e envolvente, sustentando bem tanto os momentos dramáticos quanto os números musicais. Gadot, por outro lado, tem dificuldades para equilibrar sua interpretação da Rainha Má. Sua performance exagerada e suas canções mal encaixadas a tornam mais caricata do que ameaçadora, quebrando parte do impacto emocional da antagonista.
A direção de Marc Webb se destaca principalmente nas sequências musicais, que são bem coreografadas e visualmente exuberantes. O design de produção é grandioso e transporta o espectador para um conto de fadas vibrante. No entanto, o design das criaturas mágicas que substituem os anões se torna um dos maiores pontos fracos. Com uma aparência artificial e desconfortável, elas destoam do restante da estética do filme. Além disso, a trilha sonora apresenta altos e baixos: enquanto os números musicais cumprem bem sua função, a trilha incidental falha em amplificar a emoção de momentos cruciais.
No fim, Branca de Neve (2025) cumpre seu papel de ser um filme familiar acessível, mas sem o brilho inovador que a Disney alcançou em suas melhores adaptações live-action. Embora tente modernizar a história sem desrespeitar o original, sua abordagem excessivamente cuidadosa impede que a obra se destaque de verdade. Para as crianças, pode ser uma aventura encantadora e repleta de canções cativantes. Para os adultos, fica a sensação de que a Disney poderia ter ido além, mas optou por jogar seguro. Mais um exemplo de nostalgia reciclada para um público sedento por novidades que, no fim, não chegam a acontecer.
Ficha Técnica
Nome: Branca de Neve
Tipo: Filme
Onde assistir: Cinema
Categoria: Infantil/Fantasia
Duração: 1hora e 49min
Nota 1/5