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Foto do escritorOtavio Yagima

Crônica #93 | Resiliência silenciosa: Trilhando o Propósito como Formigas.

Tramas do tempo entre organização e foco.



O que você encontrará nesta crônica:


Desejar uma sociedade ideal e perfeita diante do mundo e da realidade atual, é um tanto desanimador. Diferente de nós humanos, muito individualistas, a formiga é solidária. Trabalham em equipe, em prol da sobrevivência de sua comunidade. Ao contrário das formigas, os humanos andam muito dispersos, sem foco, sem nenhuma organização e pouco persistentes. Vivem se deixando levar, sem planejamento e sem saber do seu desejo real. Sem objetivos claros, e então, trilhando caminhos incertos.

Organizar, escolher, e numa resiliência silenciosa se revestir de vontade.

Sejamos a transformação!


I. O desfile colorido.


Estava quase no final do dia, e apesar do vento que soprava fomos caminhar com nossos três cães. Como sempre a alegria deles é irradiante, passear é imensamente prazeroso para eles, e somos contagiados pela energia intensa desses companheirinhos de jornada.


Nosso condomínio é farto de árvores diversas, variando entre flores e frutas.


O enorme belo pé de Flamboyant estava charmoso e exuberante, expondo suas flores alaranjadas, com as cores amarelo e vermelho se misturando numa perfeita sinergia. No fundo, para completar o belíssimo cenário, projetava a cor alaranjada refletida na força do pôr do sol; e ainda naquele momento, o céu azul se mostrava numa completa ausência de nuvens. Desejava que aquela imagem congelasse por tamanha beleza. Mas, a natureza com sua sabedoria diz que amanhã exibirá outras cores, ainda mais vibrantes, para serem contempladas pelos que as percebem e admiram.


Ao longo de toda extensão muitas árvores frutíferas, dentre elas as de pitangas, mangas, jabuticabas, carambola, amoras, acerolas etc. Enfim, privilegiados somos com tanta variedade. Confesso que a carambola estava azeda, entretanto, seu formato exótico fez afastar da minha face a careta ácida.


Uma pitanga atinge milimetricamente o meu ombro, e repousa na guia da rua. E então, o meu olhar agora se volta para o chão. Surpreendentemente, se apresenta aos meus olhos outro ciclo de vida que ali ocorria. Como um desfile de carnaval, fileiras de cores seguiam num único sentido. Balançavam de um lado para outro, e desfilavam pedaços de flores vermelhas, amarelas, laranjas, alternando ainda com o verde de algumas folhas, e marrom de algum tipo de semente. Que espetáculo de cores e vida, que batalhão agitado! Ali estavam as incansáveis formigas. Com disciplina e ritmo compassados, transportavam alimentos para sua casa.


Eu estava imerso no deslumbre da cena daquele momento, e não percebi a aproximação de uma criança.


- “Oi tio!! Que está fazendo?”

- “Olá meu querido, que susto você me deu!!”


A criança ri gostosamente pelo susto que promoveu. Vi então que ele havia estacionado seu triciclo, e curioso veio descobrir o que eu estava fazendo sentado no chão, no meio-fio da rua. Observei que sua mãe, com mais duas filhas, vinha na nossa direção. Fiquei mais tranquilo.


- “Como você se chama?” Pergunto.

- “João... Oooo tio, por que essas formigas carregam essas coisas?”


Um pequeno, que naquele momento engrandeceu em companhia, em pensamentos e ensinamentos. Por um curto espaço de tempo, esse diálogo despertou em mim algo que há tempo estava adormecido, a pureza e simplicidade da criança que um dia também fui.


II. Organização plena dos deveres.


As formigas parecem pequenas e frágeis diante dos nossos olhos, mas não o são diante da sua existência. Se considerarmos o seu tamanho são extremamente fortes, suportando cargas muito mais pesadas que o seu peso corporal. Tão antigas quanto os dinossauros, são criaturas fascinantes. Ativas, realizam com muita vontade e dedicação sua função, e seu compromisso é plenamente focado no objetivo final.


Uma sociedade composta por divisões de hierarquia, regras, tarefas bem definidas e extremamente organizada, para que todos os processos de trabalho do formigueiro, funcionem na mais perfeita ordem.


Elas não andam à toa, sempre sabem para onde ir, e que caminho seguir. Conhecem e sabem dos ciclos do tempo. Elas dão o melhor de si todos os dias, sabem planejar as coletas de alimentos nas estações quentes, e quando da chegada do inverno já estão preparadas, e se recolhem num merecido descanso. Trabalham duramente, mas desfrutam do resultado do seu trabalho. Mesmo que venha um longo e difícil inverno, sabem também de antemão que ele não durará para sempre, que logo vai despontar a primavera, e tudo o mais se repetirá novamente.


Será sempre precioso não se subestimar o tempo e suas oportunidades, trabalhar sempre para o abastecimento do nosso eu interno. Assim sendo, as dificuldades que surgirem nas estações da vida, poderão talvez, serem um pouco abrandadas, mais compreendidas, e com o vislumbre de novos caminhos.


Não andar à toa, saber para onde ir, conhecer o caminho certo a seguir... certamente isso nos manterá no equilíbrio, na serenidade necessária para se conquistar o resultado desejado. Porém, mesmo que não consiga ver ainda com nitidez o caminho a percorrer, fundamental se torna não desistir. Todas as dificuldades com suas escalas de agravantes, se dissipará perante a força de nossa fé, na persistência, e no reconhecimento da impermanência de qualquer situação.


Geralmente a caminhada evolutiva é solitária, cada qual se encontra em pontos determinados e diferentes. No entanto, o êxito da chegada poderá ser compartilhado com muitos, onde o ensinar e o aprender compensarão cada difícil passo superado.


- “João, está vendo aquela formiga? Ela leva um pedaço enorme de flor, muito maior que ela, não é?”

- “Nossa tio, ela é muito forte... hahaha!! Ela vai trombando com as outras.” Ele sorri graciosamente.


No momento seguinte, essa mesma formiga tenta subir a calçada, e o menino exclama:

- “Olha tio... ela tombou e nem largou a flor.” Assim, na graça ele fala, e dá um saltinho imitando o tombo da formiga.

 

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III. Bagagens da vida.


Rindo do pulinho de imitação e observando as palavras da criança, me vi carregando nas costas não só as bagagens de uma viagem, mas bagagens da minha vida.


Vivemos e crescemos com variados tipos de bagagens, desde criança até o nosso último suspiro. Que bagagens são essas? Leves e coloridas como aquela flor? Pesadas pelas inúmeras dificuldades? Ou muitas vezes porém, grandes e desproporcionais às nossas verdadeiras necessidades?


Percebo pessoas carregando pesadas cargas arraigadas no passado, sem querer soltá-las, como um grande e grosso casco de tartaruga. Sofrendo e se arrastando, fazendo desse fardo o centro de sua vida. Ou também aquelas, que fazem do seu futuro um fardo nos dias de hoje, compondo cargas extremamente pesadas para fatos que nem aconteceram; mas que fazem presença vívida diante da ansiedade gerada e mantida. Por outro lado, percebo também pessoas quase que sem carga nenhuma, enxergando e usufruindo das belezas da vida com uma felicidade genuína.


Interessante observar que existe um ponto em comum nessas pessoas: a gratidão. Aquela gratidão que não é mecânica, que sai do fundo da alma; cultivada carinhosamente e com morada permanente, em seus corações.


Harmonia, alegria e paz, é o que sentimos emanar dessas pessoas.

Neste momento da sua vida, como está vibrando a energia da sua bagagem?


Evoluímos, e para cada crescimento, para cada degrau acima, algo mais sutil se é esperado agregar a nós. No entanto, na subida de um degrau que seja, muitos tombos levamos, como aquela formiga que tentou alcançar um nível acima. Ela tentou várias vezes, e por fim conseguiu transpor a enorme barreira. Resoluta e consciente ela seguiu firme, e talvez na sua próxima busca, o objetivo seja ainda maior.


As quedas não foram em vão, afinal conseguiu permanecer com o seu valioso propósito. Elas perseveram sempre, não se deixam dominar por nenhum desânimo, determinadas a cumprirem suas missões.


IV. Os obstáculos.


João, encantado e curioso com aquela formiga e sua super carga colorida, colocou à sua frente um pequeno graveto. A formiga parou, bateu algumas vezes no graveto e logo buscou uma alternativa; contornou todo graveto e assim também fizeram as outras formigas. Sem perceber, o garotinho estava desafiando-as a superarem um novo obstáculo, a procurarem um novo sentido. E assim sempre as formigas fazem, não desistem nunca, são persistentes até conseguirem contornar quaisquer obstáculos.


As caminhadas são longas e nada fáceis. Necessitam de criatividade frente às inúmeras dificuldades, que certamente são encontradas pelo meio do caminho.


Quantos de nós sucumbimos e desistimos, sem nem ao menos tentar, não enfrentando as barreiras e os seus devidos contratempos?


Uma outra formiga tombou e não conseguia se reerguer; então outras formigas vieram para ajudá-la. Rapidamente a situação se normalizou. Elas sabem exatamente o que fazer diante de qualquer situação, seja fora ou dentro do formigueiro, haverá sempre a ajuda imediata.


Diferente de nós humanos, quase sempre individualistas, a formiga é solidária. Elas trabalham em equipe, e em prol da sobrevivência uma das outras, e de toda comunidade. Mesmo que milhares de formigas exerçam a mesma função, todas se dedicam igualmente nas suas tarefas, portanto não há falhas dentro da colônia. A vida em sociedade humana tem intrínseco em seu contexto, as disputas pelas aquisições de muitos bens, o que nos leva a não sermos muito solidários ou cooperativos. O egoísmo não nos permite um perfeito trabalho em equipe, e então nossa sociedade é falha em muitos e variados aspectos. O respeito à hierarquia, a consciência do seu papel dificilmente é percebida.


Um dia a Vida nos cobrará a devida participação e coparticipação no nosso meio, de uma forma mais ampla e efetiva.


Suas irmãs chegam apressadas e curiosas querendo saber o que fazíamos.


- “Que você está vendo João?” Pergunta a irmã maior.

- “Parece nossa escola, Carol. Desfile com chapéus e bandeirinhas.”

- “Cuidado filho. Sai daí que elas picam!” Assim o nosso diálogo é interrompido pela sua mãe. A imposição de perigo, visto pelo sempre olhar crítico, de uma mãe carinhosa e protetora.


- “Eu sei mamãe, estou só olhando aqui com o tio... né tio?” E então, Joãozinho segue as ordens da sua mãe, levanta-se e põe a pedalar o seu triciclo. Alguns metros à frente, ele novamente desce do seu brinquedo, gesticula agitadamente suas mãos, e fala quase gritando.


- “Tio, vem aqui! Achei a casinha delas!”


Lá vou eu, e novamente me coloquei ao lado da criança. Havia ao redor da abertura do buraco, gravetos, folhas secas, pedriscos e outros objetos que não levaram para dentro da sua casa. Fiquei a pensar o porquê dessa questão. Nisso se aproximou uma formiga com uma enorme carga, nitidamente grande demais para passar pela entrada. De repente, muitas formigas saíram de dentro da casa, e começaram a picar em pequenos pedaços aquela enorme folha. Estava resolvido o impasse. Que equipe maravilhosa!!


IV. As cargas.


Quando chegamos em nossas casas, com as enormes cargas acumuladas do dia, nós simplesmente a carregamos para dentro de nossos lares. Às vezes nossas mentes estão transbordando por todos os lados, não enxergamos a linha dos nossos limites. E então nem nos damos conta, de antes de entrar, termos a sabedoria de dividir em pedaços esse fardo, e talvez até descartá-los, não retendo ou carregando pesos desnecessariamente.


Você percebe e tem a consciência de deixar do lado de fora, as pesadas cargas que muitas vezes se impõem, quer voluntária ou involuntariamente?


Não deixar entrar aqueles conteúdos, pensamentos impostos e estranhos, pessoas não confiáveis, fatos não muito bons, e que sabemos não nos irá beneficiar a sua companhia?


Muitas vezes é complexo, mas aprender a escolher e selecionar tornará nosso percurso mais leve e colorido, e nossas cargas concomitantemente se tornarão mais suaves.


O que é desprezível, sem valor e sem conteúdo não cabem; e se cabem então devem estar ocupando espaços, que outrora poderiam ter sido preenchidos, com objetivos maiores.


- “Quero ver também aquela formiga, trazendo a flor vermelha e grandona...”

- “João, meu filho, ela vai demorar bastante porque é longe de onde nós vimos.”

- “Hummm mamãe, queria tanto ver se ela vai conseguir entrar. Tio, depois o senhor me conta se ela chegou até aqui?”


Joãozinho parte então montado no seu triciclo, numa conversa amigável com suas irmãs. O que será que ele está conversando com elas, com tanta alegria?


E então volto para procurar aquela formiga, que com sua carga gigante segue firme no equilíbrio. Sem medir esforços faz dos seus passos seu propósito maior, de forma incansável, e superando quaisquer dificuldades.


O desfile continua com seu vigor colorido, e o seu trabalho é se manter nesse caminho, concluir a sua meta, alcançando e rompendo a linha de chegada. Conclusão de tarefa, e então nova meta, nova tarefa.


O sábio Rei Salomão exalta a formiga: Bíblia, Provérbios 6:6-8.

Todos nós estamos inseridos num determinado “formigueiro”, que pré-determina os caminhos a seguir segundo os seus valores. No entanto, temos algo precioso que nos dá o direito de escolha interior, fruto de um arbítrio livre que se desperta verdadeiramente no seu devido tempo. Não importa a que tempo, o movimento natural de evolução se mantém, em passos e ritmos diferentes, em cores e vibrações únicas.


Os caminhos são diversos.

O objetivo final é igual a todos: evoluir.


Evoluir a um nível, que hoje, ainda não nos é possível nem vislumbrar, portanto perseveremos sempre, passos firmes pela estrada, a caminho da busca da Verdade.


O seu caminho hoje, está levando você para qual direção?

 

Esta é uma obra editada sob aspectos do cotidiano, retratando questões comuns do nosso dia a dia. A crônica não tem como objetivo trazer verdades absolutas, e sim reflexões para nossas questões humanas.

 

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