Scorsese nos brinda com um vislumbre audacioso do submundo do crime em Assassinos da Lua das Flores
(Foto: Divulgação)
Martin Scorsese é conhecido por sua maestria em criar narrativas densas e emocionais no mundo do crime, e "Assassinos da Lua das Flores" não é exceção. O filme oferece uma jornada audaciosa pelo submundo criminoso, ambientada em Nova York na década de 1970. No entanto, essa ousadia às vezes corre o risco de perder o equilíbrio entre a grandiosidade da história e a coesão da trama.
Em "Assassinos da Lua das Flores", Scorsese nos conduz por uma narrativa que abrange décadas e gira em torno de Frank Sheeran, interpretado por Robert De Niro, um caminhoneiro que se envolve no mundo do crime organizado como um assassino de aluguel. A história é baseada nas memórias de Sheeran e sua alegada participação nos eventos que cercaram figuras icônicas como Jimmy Hoffa (Al Pacino) e o impiedoso Russell Bufalino (Joe Pesci). Através de flashbacks habilmente orquestrados e uma narrativa não linear, somos apresentados à ascensão e queda de Sheeran, ao mesmo tempo em que testemunhamos o mundo violento e corrupto em que ele está imerso.
A jornada de Frank Sheeran é uma exploração fascinante da lealdade, da moralidade e do preço da criminalidade. Scorsese mergulha profundamente na psicologia de seus personagens, oferecendo-nos um vislumbre complexo de suas motivações e dilemas morais. No entanto, a história pode, em certos momentos, se perder em sua própria ambição, resultando em uma narrativa que exige uma atenção cuidadosa por parte do público para conectar todos os pontos e nuances. Mesmo assim, a exploração desses temas ao longo da trama faz de "Assassinos da Lua das Flores" um filme profundamente intrigante, se você estiver disposto a se entregar à jornada.
A performance do elenco é fenomenal. Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci mais uma vez entregam atuações memoráveis, e o filme é uma ode às lendas vivas da atuação. Cada cena é carregada de intensidade, e as nuances de seus personagens enriquecem a narrativa. No entanto, essa riqueza de personagens também pode ser avassaladora, tornando difícil a conexão emocional com todos eles.
O visual do filme é deslumbrante. Scorsese e seu diretor de fotografia, Rodrigo Prieto, criam uma estética ricamente detalhada e imersiva que nos transporta para a década de 1970. A recriação da época é impressionante em sua autenticidade, proporcionando um deleite visual constante. A trilha sonora, como é de praxe em filmes de Scorsese, é uma parte essencial da experiência. Músicas icônicas da época se misturam habilmente com a narrativa, criando uma dimensão extra à atmosfera do filme.
A principal crítica ao filme é sua extensa duração. Com mais de três horas, "Assassinos da Lua das Flores" desafia a paciência do público. Enquanto a narrativa densa e aprofundada é apreciada, a história poderia ter sido contada de forma mais concisa, mantendo sua força narrativa sem sobrecarregar o espectador.A complexidade do enredo, com múltiplos personagens, pode dificultar o acompanhamento da trama, e algumas subtramas parecem desconectadas. Scorsese poderia ter se beneficiado de uma abordagem mais focada, a fim de aprofundar ainda mais os personagens centrais e seu desenvolvimento ao longo do filme.
Em última análise, "Assassinos da Lua das Flores" é uma obra ambiciosa que destila o estilo característico de Scorsese em sua máxima potência. Apesar de seus tropeços na extensão e complexidade da narrativa, o filme brilha graças ao talento excepcional do elenco e à habilidade do diretor em criar um mundo cinematográfico cativante. Os fãs do gênero criminal e da filmografia de Scorsese encontrarão muito para apreciar, mas para outros, a jornada épica pode ser um desafio. No entanto, mesmo com suas falhas, "Assassinos da Lua das Flores" permanece um testemunho impressionante do poder do cinema de Scorsese.
Ficha técnica
Nome Assassinos da Lua das Flores
Tipo Filme
Onde assistir Cinema e Apple TV+
Categoria Drama/Criminal
Duração 3h 26 min
Nota 4/5
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