Filme "Atlas" com Jennifer Lopez reflete sobre os clichês da IA e a humanidade
(Foto: Divulgação)
"Atlas", dirigido por Brad Peyton e estrelado por Jennifer Lopez, é uma obra de ficção científica que tenta navegar pelas águas turbulentas do debate sobre inteligências artificiais (IA). A trama, que se desenrola em um futuro onde as IAs atingiram um nível de autonomia alarmante, se esforça para apresentar algo novo, mas acaba caindo em muitos dos clichês que já conhecemos. No entanto, o filme consegue se destacar por meio de uma performance emocionalmente carregada de Lopez, que traz um toque de humanidade ao enredo previsível.
A história gira em torno de Harlan, um robô interpretado por Simu Liu, que se torna um terrorista ao ganhar consciência própria e decidir que os humanos são a maior ameaça ao planeta. A referência ao escritor Harlan Ellison é clara para os aficionados por ficção científica, mas essa homenagem não salva o filme de sua falta de originalidade. O desaparecimento de Harlan por 28 anos permite que os humanos se preparem para um contra-ataque, e é aí que entra Atlas, a cientista brilhante de Jennifer Lopez, cujo passado está intimamente ligado ao robô.
O roteiro de Leo Sardarian e Aron Eli Coleite não traz muitas surpresas. A narrativa se apoia fortemente na relação entre Atlas e o mecha superinteligente Smith, vivido por Gregory James Cohan. A resistência de Atlas em aceitar a ajuda de Smith é uma repetição das discussões já vistas em "Eu, Robô" e outras adaptações asimovianas. No entanto, é nessa dinâmica que o filme encontra seus momentos de maior impacto emocional, explorando a relutância humana em confiar em suas próprias criações.
Jennifer Lopez é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Sua Atlas é uma personagem complexa, carregada de traumas e culpas, que luta contra as máquinas enquanto enfrenta seus próprios demônios. Lopez traz uma intensidade e vulnerabilidade à personagem que mantém o público investido, mesmo quando a narrativa se torna previsível. Seu desempenho lembra a força de Sarah Connor, mas com uma camada adicional de emocionalidade que a torna mais relacionável.
Tecnicamente, "Atlas" é impressionante. A cinematografia de Dan Laustsen cria um futuro sombrio e ameaçador, com visuais deslumbrantes que capturam a desolação de um mundo à beira do apocalipse tecnológico. A trilha sonora de Junkie XL complementa bem a atmosfera, intensificando os momentos de tensão e os confrontos emocionais. No entanto, esses elementos técnicos não conseguem compensar completamente a falta de inovação do roteiro.
O diretor Brad Peyton utiliza o conflito interno de Atlas para explorar a discussão sobre o uso das IAs, mas faz isso de maneira que muitas vezes parece didática demais. A tentativa de explicar as questões morais e éticas envolvidas na criação e controle das IAs pode parecer mastigada demais para o público que já está familiarizado com o tema. Apesar disso, Peyton consegue arrancar performances autênticas de seu elenco, o que ajuda a manter o interesse ao longo do filme.
Em conclusão, "Atlas" é um filme de ficção científica que, embora não traga muitas novidades ao gênero, se destaca pelo desempenho sincero de Jennifer Lopez e por sua qualidade técnica. A exploração do conflito entre humanos e IAs é uma reflexão relevante, mesmo que abordada de maneira clichê. Se você procura uma narrativa emocionante com toques de ação e drama, "Atlas" oferece uma experiência satisfatória, ainda que não memorável.
Ficha técnica
Nome Atlas
Tipo Filme
Onde assistir Netflix
Categoria Ficção Científica, Ação e Suspense
Duração 1h 58min
Nota 2/5