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Crítica | Monstros: Irmãos Menendez

Ryan Murphy transforma o caso Irmãos Menendez de true crime em um espetáculo envolvente e perturbador, onde a fachada de glamour esconde um pesadelo familiar repleto de segredos e sangue


Ryan Murphy transforma um caso de true crime em um espetáculo envolvente e perturbador, onde a fachada de glamour esconde um pesadelo familiar repleto de segredos e sangue
Monstros: Irmãos Menendez

(Foto: Divulgação)


A combinação entre Ryan Murphy e a Netflix mais uma vez resulta em uma série que mistura entretenimento viciante e análise social, desta vez focando na chocante história dos Irmãos Menendez. A segunda temporada de Monstros segue o sucesso estrondoso de Dahmer e leva a antologia a um novo patamar, trazendo uma narrativa que, embora menos sombria na estética, não deixa de explorar as camadas mais perturbadoras da natureza humana. No centro, Erik (Cooper Koch) e Lyle Menendez (Nicholas Alexander Chavez), que assassinaram os próprios pais, servem como protagonistas de uma trama repleta de excessos, traumas e contradições.


Diferente do tom quase claustrofóbico de Dahmer, a nova temporada se desenrola sob o brilho ensolarado de Los Angeles, refletindo a aparente normalidade e opulência da família Menendez. A direção de Murphy aproveita essa atmosfera para construir uma dualidade visual que contrasta o glamour superficial com a escuridão interior. Desde o início, o espectador é imerso em um mundo onde a fachada de perfeição esconde um ciclo de abuso, controle e tragédia. As cenas iniciais, que retratam os irmãos como filhos mimados e superficiais, são deliberadamente simplistas, apenas um prelúdio para as camadas de complexidade emocional que se desenrolam à medida que a série avança.


A força de Monstros: Irmãos Menendez reside na atuação de sua dupla principal. Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez entregam performances magnéticas, cada um trazendo à tona a turbulência emocional dos irmãos com nuances distintas. Erik é o irmão explosivo, que reage com violência à pressão, enquanto Lyle é contido, refletindo a dor interna de forma mais sutil. Em cenas com o veterano Javier Bardem, que interpreta o patriarca José Menendez, ambos conseguem manter a intensidade, explorando as dinâmicas de poder e controle que permeiam a narrativa. A série ganha força no segundo ato, quando os episódios passam a focar nos detalhes sórdidos do relacionamento familiar, revelando segredos que tornam o crime ainda mais complexo.


Um dos momentos mais memoráveis da temporada é o episódio 5, intitulado "Apelido", filmado em uma única tomada. Este recurso, ao mesmo tempo técnico e narrativo, cria um efeito claustrofóbico, capturando o desespero de Erik de maneira visceral. A escolha de Murphy por uma abordagem estilística tão ousada, com a câmera fixa em um único ponto durante toda a cena, intensifica a sensação de aprisionamento psicológico do personagem. É um exemplo claro de como o diretor usa a forma para refletir o conteúdo, adicionando camadas de significado e tensão à já intensa narrativa.


O elenco de apoio também brilha, com Nathan Lane e Ari Graynor trazendo complexidade e dinamismo aos papéis de advogados e aliados dos irmãos. Suas atuações reforçam o caráter novelesco da série, equilibrando o peso emocional do drama com momentos de alívio cômico e ironia. Lane, em particular, se destaca como o advogado Leslie Abramson, um homem de aparência excêntrica e métodos não convencionais, cuja luta pela verdade e justiça se entrelaça com a busca dos Menendez por redenção.


A produção mantém o estilo característico de Ryan Murphy, que não economiza no uso de elementos gráficos e visuais para acentuar o horror dos eventos retratados. Cenas de flashback que ilustram os abusos sofridos pelos irmãos são perturbadoras, mas nunca gratuitas, servindo para contextualizar a motivação por trás do crime. Os figurinos e cenários, cuidadosamente exagerados, reforçam o contraste entre o glamour de Beverly Hills e a decadência moral que permeia a narrativa, criando uma estética que é ao mesmo tempo sedutora e repulsiva.


No fim, Monstros: Irmãos Menendez é um exemplo perfeito de como Ryan Murphy domina o gênero do true crime, mesclando sensacionalismo e profundidade emocional em uma obra que, embora apelativa, não perde de vista a humanidade de seus personagens. A série convida o público a questionar até que ponto o ambiente e o trauma moldam as ações e escolhas de uma pessoa, deixando um gostinho agridoce de empatia e repulsa. Como em toda boa tragédia, é impossível não se sentir atraído pelo espetáculo do colapso, e Murphy, mais uma vez, prova ser o mestre de cerimônias ideal para esse show sombrio.


 

Ficha técnica


Nome: Monstros: Irmãos Menendez

Onde assistir: Netflix

Categoria: Crimes Reais

Duração: 1 Temporada

Nota 4/5


 

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