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Crítica | O Problema dos 3 Corpos

A série da Netflix exibe conceitos científicos avançados, mas falha em conectar-se com a essência humana da narrativa


A série da Netflix exibe conceitos científicos avançados, mas falha em conectar-se com a essência humana da narrativa
O Problema dos 3 Corpos

(Foto: Divulgação)


A série "O Problema dos 3 Corpos", adaptação da trilogia de Cixin Liu, chegou à Netflix com grande alarde, prometendo mergulhar em conceitos científicos complexos e universais. No entanto, ao transformar a rica tapeçaria dos livros em um produto para o streaming, a série acaba revelando uma narrativa que, embora tecnicamente impressionante, está descolada da própria humanidade.


David Benioff e D.B. Weiss, conhecidos por sua controversa última temporada de Game of Thrones, continuam a mostrar que sua visão sobre a narrativa parece imutável. A série adapta a história de Ye Wenjie (interpretada por Zine Tseng na juventude e Rosalind Chao na velhice), uma mulher traumatizada pela Revolução Cultural Chinesa, que responde a uma mensagem alienígena com um convite para conquistar a Terra. Esse ponto de partida leva a trama para 2024, onde cientistas de diversas origens enfrentam as consequências dessa decisão.


Apesar dos avanços tecnológicos e dos conceitos científicos intrigantes discutidos, a série se mantém bastante didática e acessível, evitando o jargão técnico. A parte mais cativante é quando a série explora a realidade virtual criada pelos alienígenas para recrutar humanos, proporcionando um vislumbre divertido e criativo, especialmente no episódio "Destroyer of Worlds" (1x03). Aqui, a série adota uma abordagem lúdica, transformando a ciência em algo mais acessível e envolvente.


No entanto, "O Problema dos 3 Corpos" falha em lidar com a complexidade emocional dos seus personagens. O elenco apresenta uma abordagem fria e intelectualizada, destacando uma falta de profundidade emocional e conexão entre eles. Will (interpretado por Alex Sharpe), por exemplo, é deixado à própria sorte quando diagnosticado com câncer, evidenciando a desconexão entre os amigos absorvidos pela missão de salvar a humanidade.


A série tenta explorar a dicotomia entre o bem maior e as relações pessoais, mas acaba se perdendo em uma narrativa heroica e redentora. A crítica à vaidade e egoísmo dos cientistas é evidente, mas "O Problema dos 3 Corpos" não consegue criar um discurso emocional genuíno, com exceção das críticas mordazes presentes no jogo virtual alienígena. O resultado é uma série que, apesar de sua inventividade científica, carece do calor humano que pode fazer uma narrativa ressoar verdadeiramente com o público.


Oscar Wilde disse que a arte é inútil, mas também mencionou que a única desculpa para criar algo inútil é amá-lo intensamente. "O Problema dos 3 Corpos" é uma obra que, embora bem produzida e rica em conceitos, carece desse amor essencial que transforma uma história em algo mais do que apenas uma exibição de conhecimento técnico. A série, infelizmente, parece mais preocupada em exibir sua ciência do que em explorar as nuances humanas que poderiam dar vida à sua narrativa.


Se a série tivesse aprofundado mais nas emoções e nas relações pessoais dos personagens, talvez tivesse conseguido mais do que simplesmente mostrar os avanços científicos. Em vez disso, "O Problema dos 3 Corpos" permanece distante, uma representação fascinante de ciência e ambição, mas sem a conexão humana que torna uma história verdadeiramente impactante.


 

Ficha técnica


Nome: O Problema dos 3 Corpos

Onde assistir: Netflix

Categoria: Ficção Científica/Ação/Mistério

Duração: 1 Temporada

Nota 2/5

 

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