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Crônica #110 | Em tudo, dai graças!?...

Força e coragem no resgate da fé.


capa da crônica 110 Em tudo, dai graças!?...
Crônica

O que você encontrará nesta crônica:


"Em tudo, dai graças" nos desafia a encontrar gratidão em todas as situações. Isso é cabível em nossas vidas? Alcançar essa compreensão pode significar uma revolução transformadora. Como está sua vida hoje? Em tempos bons, a gratidão é natural, mas nas dificuldades é um desafio. Transformar sofrimento em força, incerteza em fé e perda em crescimento surge ao libertar nossas almas das amarras da amargura e frustração, permitindo que a luz da gratidão surja. E se a chave para uma vida plena estiver em agradecer a tudo e a todos? Desafie-se a descobrir como dar graças pode redefinir o seu mundo.

 

I. O lema no para-choque do caminhão.


Alguns anos atrás, as estradas, com seus quilômetros intermináveis, eram, em parte, minhas companheiras de trabalho. Nelas, meus pensamentos se perdiam entre as muitas paisagens que surgiam. Em uma dessas longas jornadas, estava indo rumo a Uberlândia quando me deparei com uma simples frase escrita no para-choque de um caminhão, que, no momento seguinte, percebi que de simples nada tinha. Ela me faria mergulhar profundamente em reflexões quase infindáveis: “Em tudo dai graças...”.

A frase simplesmente grudou na minha mente inquieta.


Eu me questionava sobre a capacidade humana de gratidão. Será que realmente conseguimos ser sempre gratos em tudo? Mesmo em meio a todas as dificuldades da vida? Afinal, somos desafiados em nossa fé e firmeza diante das dores, sofrimentos, tragédias e fatalidades que pontuam a existência de todos nós. Aquela frase ecoava na minha cabeça, girando incessantemente como as rodas do meu carro.


Avistei um posto de abastecimento e decidi acompanhar minhas reflexões com um breve descanso. Não muito depois de ter parado, o mesmo caminhão entrou para reabastecer. Mais uma vez, apareceu a frase que tanto me provocara, e naquele momento percebi também “Deus é amor” no seu para-brisa. Essas palavras, tão familiares e ao mesmo tempo tão desafiadoras, pareciam se complementar: a frase do para-brisa e a do para-choque.


“Deus é Amor” e “Em tudo dai graças” começaram a fazer sentido de uma forma inesperada. Era como se eu precisasse ir além da superficialidade do pensamento para realmente compreender a profundidade da espiritualidade.


Enquanto refletia sobre isso, avistei o motorista do caminhão entrando no restaurante. Acompanhei-o com o olhar até ele se sentar. Sentindo uma curiosidade crescente, dirigi-me até a mesa e pedi permissão para me sentar junto dele. Fui recebido com um sorriso acolhedor.


“Bom dia, aliás, boa tarde! Parece que estamos indo na mesma direção. Para onde o senhor está indo? perguntei a ele.

“Eu sigo para o Norte. Tenho uma longa jornada de dias pela frente até chegar ao meu destino. E você?”


“Ah, estou indo para Uberlândia e ficarei por lá”, expliquei.

“Gostei das frases que o senhor colocou no seu caminhão e estava pensando exatamente nelas quando te vi descendo.”


Naquele instante, percebi que estava diante de alguém que, senti, tinha muito a ensinar. Aquelas frases, que inicialmente me causaram uma certa inquietação, agora se revelavam

como um convite para refletir sobre o verdadeiro significado da gratidão e da fé.


Almoçamos conversando e trocando assuntos triviais sobre carros e estradas. Foram muitas histórias até que voltamos às frases que levavam o seu caminhão. Em meio às memórias que nossos corações gravam e carregam dos momentos que compõem nossas vidas, mergulhei na história dele, sentindo a profundidade dos sentimentos despertados, que ressoavam intensamente em suas palavras.


 

Il. A Fatalidade.


“Meu pai era caminhoneiro. Nas férias escolares, ele sempre me levava nas viagens longas. Eu gostava muito porque a gente ia para lugares diferentes. Ele transportava todo tipo de coisa, e eu adorava almoçar nos restaurantes de beira de estrada, como este. Minha mãe não me deixava tomar refrigerante, mas meu pai sempre dava um jeitinho de me agradar. A gente dormia na cabine do caminhão, onde ele adaptou um beliche dobrável. Eu via o quanto ele se dedicava à profissão. Uma vez, furou um pneu durante uma noite de chuva, e eu ajudei segurando a lanterna enquanto ele fazia a troca com toda paciência e habilidade. Ele era muito dedicado e cuidava muito bem de mim e do caminhão.

 

“Os anos passaram, e a vida me pregou uma peça muito triste. Meu pai faleceu de forma trágica, deixando não só as lembranças, mas também seu caminhão como herança para eu continuar a profissão que ele tanto amava. Decidi aceitar o desafio. Um dia, resolvi levar minha esposa e meu filho de cinco anos para visitar a terra natal dela, já que era no caminho de uma entrega de carga, planejando pegar eles na volta. A viagem estava tranquila, mas, por causa de um atraso no carregamento, fui forçado a viajar à noite. O que aconteceu depois foi um borrão na minha memória; só me lembrava de um estrondo forte e depois apaguei. Acordei três dias depois em um hospital, confuso e sem entender o que havia acontecido. A notícia foi um golpe que despedaçou minha alma: me informaram que minha esposa e meu filho não tinham sobrevivido ao grave acidente.

 

“Eu fiquei completamente dominado pela dor e pela culpa. Entrei numa crise profunda, me culpando e até acusando meu pai por ter me deixado o caminhão. Perdi tudo: o caminhão, a casa que alugava, e acabei me isolando do mundo. Fiquei mergulhado em um mar de amargura, amaldiçoava tudo e todos, e só reclamava. Assim vivi por um longo tempo. Foi a pior fase da minha vida.”

 

Com os olhos cheios de lágrimas, ele, e eu também, não consegui conter tamanha tristeza. Enquanto enxugava suas lágrimas, ele suspirou e continuou sua história.


 

lll. A Revelação.


“Certa noite, sonhei com minha esposa. Eu gritava, gritava e gritava pedindo perdão, mas ela, com calma, me disse que eu não devia nada, que não tinha nada a ser perdoado. Disse que eu era muito dedicado ao trabalho e sempre fiz o melhor para ela e para nosso filho. Ela me mandou criar força e coragem e continuar com a profissão. Ela ainda me falou as frases que coloquei no caminhão. Ela era muito ligada a Deus, coisa que eu não dava muita importância. Então, foi muito fácil desacreditar em tudo. Eu só queria dividir minha culpa com alguém ou com alguma coisa.”


Somos testados a todo momento, sem roteiros para o sucesso ou planos para o sofrimento.


As sementes que inevitavelmente florescem, revelando espinhos de dor, se apresentam como os eventos de nossas vidas. Seriam esses espinhos mera crueldade do destino?

E esses espinhos nos espetam, a dor é profunda e real, e acompanham cada passo nos desafiando. Como nos é difícil enxergar nossas semeaduras e nossos plantios. É muito mais fácil olhar para os lados e reconhecer neles a causa de nossos problemas. E geralmente assim, a vida vai se processando até o momento de um verdadeiro despertar. Haverá sempre o momento certo, onde a maturidade servirá como uma alavanca, impulsionada pelo amor sempre disponível do nosso Criador.


“Restava em mim uma pergunta grande e perturbadora: por que só eu sobrevivi ao acidente? Seria força do destino ou por outra razão que eu não conseguia entender? Por que dar graças por isso? Por que minha esposa viajou naquele dia do acidente, quando uma simples escolha poderia ter mudado tudo?”


Se o nosso Pai Maior é somente puro e Absoluto Amor, podemos entender então que tudo está certo, que tudo está em seu devido lugar e momento, mesmo que diante de dores terríveis? E então, assim, cada lágrima, cada sorriso, cada obstáculo seria parte de um plano maior, uma sinfonia cósmica onde nada é aleatório? Como processar tal afirmação?


Olhar para a vida com uma perspectiva de fé e confiança nos ajuda a encontrar sentido em nossas experiências, pois cada evento, por mais doloroso e desafiador que seja, tem o seu propósito certo. Guiados por uma força maior, sobre a qual não temos qualquer controle ou possibilidade de alteração, nos resta enxergar que, apesar do sofrimento, há um aprendizado que emerge dessas situações. A beleza e a complexidade da vida se expressam, mostrando que nada é aleatório; por mais insignificante que possa parecer, cada acontecimento contribui para o nosso desenvolvimento emocional e espiritual. Estamos, portanto, exatamente onde precisamos estar em cada momento de nossas vidas.


 

IV. O Entendimento.


“Resolvi colocar as frases que minha esposa falou no caminhão, mas demorou muito, muito mesmo, para eu chegar a entender elas; no começo, só me lembravam da minha tragédia. Aos poucos, elas começaram a me mostrar um outro lado, difícil, mas que precisava para superar o grande sofrimento que estava acabando comigo. Foi quando um dia entendi que, para o nosso Pai Criador, não existe morte, porque a gente é eterno. As situações e os dias mudam e são diferentes, mas um dia, todos nós também vamos partir deste mundo. Com o tempo, eu entendi que aquelas frases foram um chamado para me levar a pensar melhor sobre agradecer e ter fé. Dar graças porque tive uma esposa e um filho, e um pai dedicado e amoroso. E a fé porque, apesar de todas as dificuldades e sofrimentos, eu ainda podia encontrar um caminho para seguir em frente, honrando a memória de quem eu tinha perdido.”


Diante das tempestades que fazem parte da vida de cada um de nós, vamos aprendendo, de forma suave ou mais dura, a valorizar o sol que surge depois da chuva. Tudo na nossa vida se resume a um efeito educativo, nada é unicamente uma punição. A dor, apesar de indesejada, é uma professora implacável, mas justa. Muitas vezes, é somente através dela que somos moldados e transformados, sendo capacitados a alcançar alturas que antes pareciam inalcançáveis. Nesse entendimento reside a beleza da nossa jornada humana. Uma viagem cheia de seus altos e baixos, mas que sempre poderá ser guiada pelo amor e pela sabedoria do nosso Criador, basta que nos abramos para isso.


A dor carrega o poder de nos moldar, nos desafia a sermos melhores, a buscarmos respostas mais profundas e a nos conectarmos com algo maior que nós mesmos. Mas a gratidão traz a libertação; ela tem o poder de abrir os nossos canais da compreensão, transformando a maneira como vemos o mundo ao nosso redor e nos permitindo enxergá-lo com outros olhos.


Cícero, o famoso filósofo e orador romano, acreditava que a gratidão era essencial para uma vida virtuosa e significativa. Ele disse: "A gratidão não é apenas a maior das virtudes, mas a mãe de todas as outras."


Uma das virtudes mais preciosas que podemos ter na vida é a gratidão. Muito confundida com um simples gesto de polidez ou um superficial agradecimento, a gratidão é muito mais complexa e profunda. Ela é uma qualidade extraordinária que está no sentimento, na atitude, no estilo de vida e na filosofia de vida da pessoa. No entanto, ser verdadeiramente grato não é algo que vem naturalmente para muitas pessoas. Requer que seja cultivada e praticada diariamente para que possa ser a chave que abre as portas da felicidade. Afinal, a gratidão aciona nosso cérebro, produzindo resultados bioquímicos benéficos que banham nosso corpo e melhoram nosso estado emocional, com efeitos positivos notáveis na nossa saúde física e mental.


Uma pessoa grata é do bem, é feliz, generosa, perdoadora e próspera em todos os aspectos. Ser grato não é ser acomodado ou conformado; pelo contrário, é ser proativo em todas as suas decisões, com a sabedoria de reconhecer o valor de cada experiência, seja ela boa ou

desafiadora.


Você é grato? Verdadeiramente grato por tudo o que aconteceu e acontece na sua vida?


A vida, em todas as suas formas, é um ciclo contínuo de aprendizado e evolução; um grande mosaico de experiências que, juntas, compõem uma obra-prima de sabedoria e amor. A coragem surge como um catalisador para enfrentar nossos medos e a determinação de agir, permitindo superar traumas e avançar no caminho da evolução espiritual.


Meu novo amigo entendeu que o passado é essencial para o crescimento. Mesmo consciente de que outro acidente poderia ocorrer e ceifar sua vida, ele não se curvou. Reconheceu que, pela graça, recebeu outra chance de se reposicionar na vida. Teve fé, superou a culpa e erros passados e absorveu o verdadeiro significado da frase: “Deus é Amor, e em tudo dai graças.” Na humildade e no respeito por si mesmo, recuperou o sabor de viver, reconhecendo que a entrega plena à Luz tem o poder de mudar tudo na vida.


Numa última oportunidade, encontrei novamente o caminhão no pedágio. Ultrapassei-o, acenei e dei dois toques de buzina. Ele correspondeu com dois toques curtos e outro longo com sua buzina de araponga (buzina acionada por ar comprimido), cerrou o punho direito e gritou: “Deus ama, vitória!!” Ligou o pisca-alerta três vezes e deu mais três sinais com o farol. A imagem dele com seu caminhão foi diminuindo de tamanho no meu retrovisor, insistindo em não desaparecer dos outros dois espelhos laterais. Aquela imagem de um homem simples dentro do seu bruto caminhão se distanciando ficou marcada, como uma lição de que é possível amar mesmo diante da mais dura adversidade, perdoar mesmo sendo o causador e agradecer mesmo sofrendo todas as perdas.


Quando finalmente cheguei a Uberlândia, percebi que a jornada transcendeu o simples deslocamento físico. Foi como uma travessia interior, profunda e reveladora, onde explorei os abismos mais profundos da minha alma, questionando e refletindo sobre a vida, a dor e a gratidão. Um mergulho introspectivo que me conduziu a uma verdade inabalável: “Deus é Amor! Em tudo, dai Graças!”


 


 

Esta é uma obra editada sob aspectos do cotidiano, retratando questões comuns do nosso dia a dia. A crônica não tem como objetivo trazer verdades absolutas, e sim reflexões para nossas questões humanas.

 


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