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Foto do escritorOtavio Yagima

Crônica #70 | A idosa e a tartaruga

Nos passos da velhice




Estava no bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo. Estacionei meu carro, percorri alguns metros e resolvi parar para tomar um café, enquanto falava com um amigo pelo celular. Nisso passa uma senhora idosa, a passos lentos, puxando um carrinho de feira. Dentro dele nada de verduras, e sim uma tartaruga acomodada numa grande e aconchegante almofada. Meus olhos saltaram de curiosidade!


No outro lado da calçada, havia um salão de beleza com duas portas de vidro, sendo que uma delas permanecia livre para o acesso dos clientes, e a outra parte fechada. Em frente a esta porta que permanecia fechada, e por estar a rua em declive, formava um degrau propício para se sentar.

A senhorinha, aparentando talvez uns 85 anos, chega calmamente, encosta sua bengala no canto da porta, tira a almofada com a tartaruga, acomodando-a delicadamente ao lado dela.

Já sentada sobre a almofada, começa a conversar com a tartaruga, gesticulando e fazendo carinho nela.


A presença de idosos hoje é muito comum, não só na rua, mas em todos os lugares; e em toda humanidade o seu crescimento é exponencial. Segundo a Organização Mundial de Saúde, eu também já me enquadro nesse grupo. Idosos, portanto, são os maiores de 60 anos.

Essa fase da vida já recebeu muitos nomes, conhecida por terceira idade, melhor idade, idade feliz, segunda infância etc.

Levando-se em conta as diferentes culturas, ao longo dos séculos foi variando a visão que se tem da velhice. O primeiro texto sobre envelhecimento que se tem conhecimento, data por volta de 2.500 a.C., e foi escrito por um filósofo egípcio. Como é de esperar, o seu conteúdo lamenta a perda da vitalidade física.


Na bíblia, em seus primeiros relatos, os homens idosos são pessoas a quem se deve respeito, por isso a velhice era como uma bênção.

Os anciões, para os gregos e romanos, eram aqueles que detinham maior riqueza e poder político.

Da idade média até a revolução industrial, só eram considerados dignos de prestígio, os idosos que tivessem acumulado riquezas. E assim caminhou o idoso na história.

A partir do século XX, os idosos foram ganhando melhores condições de vida e aumento da sua longevidade; graças aos progressos da medicina, avanço da tecnologia e das ciências humanas.


Após a segunda guerra mundial, na década de 40, nasce no mundo a gerontologia. Ela vem trazer várias especialidades; o envelhecimento ganha então os estudos voltados a todos os seus processos. Nos seus primeiros estudos, ela pensava a velhice como um tempo de perdas, fossem elas físicas ou sociais.


Assim como a conhecida adolescência, temos uma fase batizada com o termo “envelhescência”, que consiste na transição da idade adulta para a fase da velhice, compreendendo o período dos 45 aos 65 anos. Podemos dizer que o envelhecimento é caracterizado por mudanças em todo o organismo físico, estendendo às suas funções, às percepções, pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Quase sempre surge na mente aquela ideia de declínio físico, decadência, dependência, doenças, restrições e limitações, inutilidade, muitos adjetivos com predominância no negativo, e trazendo até o preconceito social. De fato, o corpo vai envelhecer e o desgaste físico é inevitável, o que podemos conseguir é manter uma mente mais jovem. Assim como as fases anteriores de vida, é uma fase também composta por muitos novos desafios. Principalmente nos dias de hoje, onde o aumento da longevidade mostra o quanto de potencial ainda tem os nossos idosos.



Vendo aquela tartaruga com seu pescoço todo esticado, mostrando sua cabecinha a dialogar com a senhorinha, imediatamente me peguei rindo baixinho, mas com um sentimento aconchegante, de algo que aquece o coração. Não consegui me conter, lá fui eu matar a minha curiosidade, aproximei mais do cenário um tanto hilário e atípico, que me atraia como um ímã.


Nesse dia a temperatura estava baixa, por volta de 15 graus, um tanto frio para aquela senhorinha estar ali. Vestia na cabeça um gorrinho colorido, no pescoço um cachecol tricotado à mão, e uma manta nas suas costas. Um tímido sol parecia querer fazer parte daquele momento, refletindo sua luz nos vidros da porta. Em plena calçada movimentada, observando os movimentos de idas e vindas de pedestres, ela e sua tartaruga, sua única companhia naquela manhã. Era uma maneira diferente de se iniciar o dia.


Há diferenças grandes na forma da velhice ser vivida, dependendo do grupo social ao qual o idoso está inserido. Portanto, é evidente que não é igual para todos. Pela diversidade de etnia, pela diferença de classes sociais e até pelo gênero de homem e mulher, existirá sempre uma heterogeneidade.


Que papéis estamos ocupando? Que lugar está ocupando nossos idosos, nessa nossa sociedade atual?

Hoje, a vida de todos nós está sendo impactada pela real promessa de longevidade. Então, a procura de meios para se viver bem até o final da vida, é uma questão que já está sendo muito refletida.

Para tal faz-se necessário saúde física, mental, emocional e espiritual, nada deve ser negligenciado.

Estar sempre aberto à busca de novos conhecimentos, a aprender, a criar visões, a enxergar por todos os ângulos existentes. Desenvolver sempre os relacionamentos sociais, pois a presença de familiares ou amigos é de importância muito grande; os afetos em nossas vidas otimizam todas as oportunidades.


Cumprimentei a senhorinha, e como a abordei falando em japonês, ela correspondeu imediatamente com um largo sorriso. Ela lembrou minha mãe, muito simpática e com um semblante feliz e sereno. Na ansiedade e curiosidade aguçada para saber o porquê daquela companhia, já fui logo perguntando.


- “Fale-me um pouco dessa tartaruga...”

Aquela senhora logo fixou seu olhar nos meus olhos, e disse:

- “Humm, você não perguntou de mim e logo veio perguntando dela? Não vou lhe contar, agora vai ter que me escutar.”

E deu uma gostosa risada, quebrando a formalidade normal existente entre pessoas estranhas. A vergonha se estampou no meu rosto, pedi desculpas pela minha atitude. Ela tinha razão. Deixei de lado a importância da própria pessoa e fui logo perguntando do animalzinho. Percebi então, o quanto de percepção e sensibilidade ela tinha, e que naquele momento me faltou. Experiência e conhecimento de vida, faz toda diferença nos nossos relacionamentos.


- “Não se incomode. Estou acostumada com as pessoas que aqui me abordam, perguntando da minha companheira cascuda, dando uns delicados tapinhas na sua tartaruga. Faço amizades e converso bastante com quem tem a curiosidade como você, fico feliz e dou muita risada”.


Quer saber mais do podcast das Crônicas?Veja aqui onde encontrar todos os episódios da 1º temporada



Realmente ela parecia uma pessoa alegre, seu semblante era de leveza. Aquele período que ela ali permanecia, servia como um tipo de relacionamento social onde podia interagir, conversando, rindo e trocando histórias com as pessoas. Interessante, pensei.


A velhice é feita de perdas, mas ela traz muitos ganhos também. E são para esses ganhos que podemos nos voltar e dar nossa atenção. A experiência de vida acumulada que proporciona mais saberes, estar mais livres das obrigações, dos horários e da correria antes reservados ao trabalho, mais livre dos cuidados com os filhos, com um tempo maior para se dedicar às atividades que antes não tinha como fazer, de se dedicar mais a um voluntariado, de fazer novos cursos, de sair ou viajar com seus cônjuges, parceiros ou amigos, enfim há uma série de atividades esperando por uma oportunidade.


Atualmente, os idosos ganharam uma atenção bem maior. Percebemos que são muito ativos, já caminham repensando suas vidas, estão abertos para novas experiências, e até abertos a experienciar novas identidades. Temos hoje, por exemplo, as faculdades voltadas para a terceira idade, dando a impressão que ela não tem, necessariamente, a ver com uma idade cronológica. Talvez ela esteja inserida mais no contexto da mente, que na idade propriamente dita. Ao termos a possibilidade de fazer novas escolhas, estamos tendo o direito de redefinir projetos, sonhos, e isso é muito valioso. Passa a ser um momento muito positivo na nossa vida, onde há um reacender de preparação para muitos anos ainda de vida, ativos e em plenitude.


A tartaruga inicia sua caminhada ladeira abaixo. A senhorinha pega sua bengala, dá uma cutucadinha para redirecioná-la para cima. Ela se retrai dentro do casco, mas obedece a seus toques e se vira para cima. Achei engraçado e ri!


Nesse momento toca o seu celular e é seu filho, perguntando o que fazia naquele momento. Responde que estava exercitando a sua tartaruga, e olhando para mim, diz que estava conversando com um amigo japonês. Pede ao filho a presença dos netos no final de semana, e avisa que ficaria esperando.


Após desligar o celular diz que tem dois filhos, e que seu marido já falecera. Fala dele com saudades, fala da dor da perda e de ter ficado sozinha, mas que assim era a vida e que nada se podia fazer.


Dentro de todo nosso processo de vida, a velhice seja talvez a mais penosa, porque a perspectiva da morte fica cada vez mais presente. Uma das piores tristezas, para uma pessoa que adentrou a terceira idade, é a perda de pessoas queridas. São dores profundas e muito pesadas, talvez um dos principais fatores que desencadeiam uma depressão.


Ela me explica como foi aprendendo a lidar com as ausências e seus vazios, então num momento de dor da perda de um parente que falecera, resolveu adotar a tartaruga dele. Acreditou que essa companhia talvez não perdesse como perdia seus amigos, pois as tartarugas têm uma vida bem longa.


A aposentadoria que se apresenta junto com a chegada dessa terceira idade, está trazendo também uma nova realidade. Já existem pesquisas apontando e mostrando, que essa renda garantida traz aos idosos uma situação melhor que a de muitos jovens, que estão desempregados ou que ainda nem conseguiram seu primeiro emprego. E está acontecendo, de muitas vezes, ser ela a única fonte de renda que entra na família, ou então contribuem de forma substancial para a manutenção dela. Muitos aposentados continuam a trabalhar por necessidade, inclusive permanecendo como os mantenedores da casa. São diversas, variadas e inúmeras as situações atualmente.


Também nessa fase é vivenciada a saída dos filhos de suas casas, para alçar seus voos de independência. São difíceis os desafios e sentimentos ligados à síndrome do ninho vazio. No entanto, os ninhos hoje não estão mais tão vazios e nem se esvaziando, ou então estão sendo novamente preenchidos pelo retorno dos jovens que saíram, mas que voltam para a casa dos pais. Diversificados são os motivos, às vezes é pela separação no casamento, outras vezes é por não terem condições de se manterem financeiramente.


Leia a Crônica anterior a esta, caso ainda não tenha visto: Crônica #69 | Na teia da traição



Eu, já meio atrasado com as minhas tarefas do dia, torci meus lábios e já pensava em me despedir.

- “Por que tanta pressa? Sente-se aqui do meu lado, meu querido. Vou te mostrar como você não percebeu muitas coisas ao seu redor, e garanto que perdeu tempo com coisas supérfluas. Deixou de ver aqueles pássaros, do outro lado da calçada, comendo as frutinhas daquela arvorezinha, que aliás você sabe que fruta é aquela? Amora, filho... Você já deve ter deixado de ajudar alguém na sua vida, porque estava com pressa. Você deixou de falar “eu te amo” para pessoas que estavam em sua volta. Você nem notou que lá na janela, do segundo andar daquele prédio, uma mãe e uma criança estão observando a cidade. Nem reparou direito no tempo que faz; veja aquelas nuvens, nunca serão mais as mesmas. Você vê como aquelas folhas, daquela árvore, balançam suavemente com o vento?”


Naquele momento eu já tinha sentado ao lado dela, sem perceber. Não pude contestar o que ela falou. Será que com mais idade, estarei assim também, falando essas coisas para os mais jovens?


A minha mente agora girou como o ponteiro de uma bússola, apontando firmemente para uma única direção: o do conteúdo de sabedoria que ela trazia nas suas palavras. Ela trouxe o mundo presente, o momento presente para dentro de mim, algo que não fazemos se não estivermos despertos, conscientes e alertas. É de muita sabedoria ficarmos no aqui agora, tendo entusiasmo, sem tantas preocupações. Se formos só pensar no futuro, vamos nos ver mais velhos, e talvez, nem ajude o dia de hoje. Geralmente essa prisão no futuro ou a prisão no passado, vão refletir em agonias de ansiedade ou depressão, criando um ciclo contínuo e interminável de questionamentos nada saudáveis.


Dentro dessa senhorinha, muito vivida e madura, já morava a capacidade de ver além das aparências. A idade nessa fase da vida, após ter adquirido o equilíbrio e a lucidez, traz a capacidade simbólica e metafísica. O seu enxergar, a sua visão já vai além, consegue ver através das coisas, a sua leitura é profunda e significativa. Aprender a linguagem da vida, talvez seja esse o caminho para se chegar ao coração das coisas; fazendo dessa idade uma fase mais bela. Porém, isso é construção que deve ser iniciada o quanto antes se conseguir.


Nesse momento, comecei a ouvir o canto do pássaro que estava do outro lado, a brisa suave percebida nas folhas, e sem reclamar do frio. Vi a mãe e a criança acenando as mãos para nós, as nuvens nas suas apressadas mudanças de formas, se movimentando e fazendo parecer que os prédios iam tombar, uma aeronave passando lá no alto do céu.


A senhorinha me explica que depois de certa idade, ela tenta viver dessa forma, prestando atenção ao que está agora ao seu redor. Não gosta muito de ficar nas lembranças do passado, pois a falta do seu marido ainda a deixa triste. Procura não pensar no futuro, pois já não consegue mais ter grandes planos. Diz que procura ser feliz com o que tem agora, agradecendo o fato de estar viva.

Fiquei a pensar como vivem os milhões de outros idosos, com a mesma idade dela. Nada é tão simples, nada está pronto, tudo continua ainda para se ir construindo; semelhante a qualquer outra idade de nossas vidas.


Num determinado momento, a tartaruga escapa do alcance da sua varinha/bengala e se distancia. Fico preocupado e ameaço me levantar para recapturá-la. Ela me impede. Pede para acalmar o meu espírito, e controlar a minha agitação. Toca meu celular, mas cai a ligação. Não me apressei em ver a chamada perdida, aquele momento estava me consumindo totalmente. Um funcionário do armazém, ao lado do salão de beleza, traz de volta a fujona. A senhorinha cumprimenta e agradece o rapaz, trocando algumas palavras com ele. Pela troca percebi que se conheciam, e que ele estava acostumado a resgatar a bichinha fujona. Aproveita o retorno da sua tartaruga, e retira com muito cuidado, uma goiaba de uma sacolinha. Segura com as duas mãos fechadas, faz uma oração simples de agradecimento, corta um pedaço e dá para o seu animalzinho; que saboreia com grandes mordidas aquela gostosura.

Que cena mais bela!


- “O tempo passa muito rápido. E a minha Kametyan, apontando para a tartaruga, representa o meu relógio; que hoje anda muito devagar. Ela não reclama, não precisa de roupinha para o frio, nem banho toma; dou apenas uma lavada com escova quando vejo que precisa”. E segue rindo alto. Kametyan não arruma confusão, não perturba os vizinhos, não conversa e nem provoca os outros, apenas recolhe a cabeça para dentro do casco quando é provocada” .... e assim ela continua falando com entusiasmo.


- “Por muitas vezes cansei de ter pessoas reclamando de mim, das minhas limitações e lerdeza, e que precisava ir para um asilo de idosos. Gostando de dar conselhos do que devo fazer ou não. Eu não ligo muito porque a vida é minha, e mesmo com a idade que estou, ficam querendo me ensinar o que devo fazer”.

Imaginei o quanto é difícil, as opiniões e intolerância das pessoas, para com os seus idosos. Mas lembrando que para essas pessoas, a idade também virá. A cada dia, cada um de nós, está um pouco mais velho.


Acabando de comer a goiaba, limpa a boquinha da tartaruga e diz a ela que por hoje acabou o passeio.

Ela se levanta, ajeita seus pertences e coloca a Kametyan sentadinha na almofada, dentro do carrinho de feira. E a passos lentos como a da sua tartaruga, começa o caminho de volta com o auxílio de sua outra companhia, a bengala. Acompanho um pouco o seu andar, e me despeço agradecendo a sua agradável companhia.


As idades vão marcando as diversas e ascendentes fases de nossas vidas, porém, uma idade não substitui uma outra. Nós não perdemos nada, elas vão se somando, para que um dia, cheguemos a compor um ser humano completo. Para isso há que se regenerar em vida, no dia a dia.



As atitudes corretas, as conquistas diárias é que vão aos poucos, preenchendo o nosso pote de tesouro de sabedoria. Buscando a maturidade através do autoconhecimento, com paciência, com carinho, com alegria, com acolhimento, e com o bem-estar que se vai conquistando. Os sentimentos de contentamento interno, vão com certeza, refletir no nosso corpo, no nosso rosto, e principalmente nos nossos olhos. Não se diz que quando a alma sente, ela se reflete e fala através dos olhos?

A pessoa bem vivida não só ganha em anos físicos ou em desenvolvimento psicológico e moral, ganha em maturidade de alma. A maturidade que nos mostra o que é importante se saber da vida, com profundidade.


As fases até se chegar à idade adulta são como vetores, com sua direção e forças ascendentes, porém em se chegando essa terceira idade, o vetor vai passando a ser cada vez mais descendente. Quanto mais vivemos mais energia física vamos perdendo, não há ainda recursos para se barrar o envelhecimento físico. Quem sabe sejamos brindados com esse recurso num futuro próximo, com todos esses avanços quânticos que já pairam no ar. Mas até lá, o que sabemos é que o envelhecimento físico é inevitável. No entanto, junto com o envelhecimento vai surgindo um outro vetor, agora de forma ascendente; o que podemos chamar de energia metafísica ou espiritual. Essa energia que está inserida na maturidade da alma, dona daquela sabedoria mais consistente, onde não se há mais espaço para superficialidades. Ela vai compensando, de forma esplêndida, a perda da energia física.

O que temos para o momento é somente este presente momento, nada mais. Então, não o percamos.

Entremos no movimento que é a vida, aprendendo sempre que nunca teremos o controle de tudo.


Vivamos com gratidão, com amor, com alegria, sentindo o quão grandiosos somos; e como partes desta atual humanidade todos somos necessários, todos somos apenas e nada mais que essenciais, puramente essenciais.




 

Que tal baixar e compartilhar trechos dessa crônica com a galera?



 


 

Você já conferiu o último vídeo do neoPod lá no YouTube do Portal? Nosso cronista Otavio Yagima fez uma participação especial, e o encontro está imperdível; confira no player aqui embaixo e também visite as demais postagens no YT da neo!



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