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Crônica #103 | Julgamento em evidência

O juiz que habita em nós.


capa da crônica 102 Páscoa

O que você encontrará nesta crônica:


Por que julgamos tanto? Este hábito é intrínseco à natureza humana, pois automaticamente projetamos nossos valores, preconceitos ou limitações sobre as pessoas e o mundo ao nosso redor. Sabemos de nossos atos, mas a questão é: estamos realmente conscientes dessas ações? Até que ponto é saudável para nossas vidas, tão dinâmicas e dependentes de relacionamentos? Será que nos tornamos juízes incansáveis para ocultar nossas próprias falhas? Ou ainda pior, somos daquelas que julgam com fervor, mas se recusam e não aceitam ser julgadas?

Como você se posiciona nesse mundo que tanto nos julga?



 

I. O árbitro.


Era um dia de verão, com calor intenso na grande cidade.


Adentrei um grande Plaza Comercial e o ar fresquinho do interior me envolveu, oferecendo um alívio imediato ao calor escaldante que permanecia do lado de fora. Um velho amigo me aguardava no local para juntos tomarmos um café.


O encontro de amigos é sempre uma grande alegria. Após as costumeiras trocas de cumprimentos e informações sobre os últimos tempos, surgiram os assuntos familiares e de trabalho, variando entre tantos outros aspectos da vida. Questionado sobre sua aposentadoria e referências a essa fase chamada de melhor idade, envolvendo momentos mais ricos, ele respondeu sorrindo:


-“Ahhh, além de toda a rotina normal de um aposentado, tenho como grande prazer ser árbitro de jogo.” Assim disse ele, referindo-se a uma modalidade esportiva pouco divulgada aqui em nosso país.


Um juiz em um jogo é responsável por aplicar as regras e decidir sobre infrações ou lances controversos na partida. É uma pessoa que tem em suas mãos o poder de impulsionar e classificar um atleta, muitas vezes decidindo, por exemplo, quem irá para uma Olimpíada.


Assim como qualquer posição que exige muita responsabilidade, a atitude de julgar algo está sempre acompanhada de constantes desafios. Peculiarmente no caso do árbitro, a habilidade de tomar decisões rápidas diante dos movimentos inesperados dos jogadores é essencial. Foco, atenção e a pressão de sempre acertar na arbitragem, com decisões justas e precisas, são fundamentais para manter a neutralidade e a imparcialidade.


E em nossas vidas? Quanto de juízes carregamos dentro de nós? Em vários momentos do nosso dia a dia, estamos emitindo julgamentos, sempre avaliando algo ou alguém. É possível não julgar? Temos controle sobre nosso cérebro diante de suas reações perante pessoas, coisas e fatos?


 

II. "Não julgueis...?"


Nossa conversa fluiu para os erros e acertos durante suas arbitragens.

A rapidez das jogadas se contrapôs às decisões imprecisas. Em dado momento de sua vida, devido a fatores importantes que se impuseram numa situação específica, ele precisou parar para questionar:


-“Por que eu preciso passar por esse momento de decisão tão difícil? Por que não poderia transferir essa missão, que parece ser de vida, para outra pessoa com um maior conhecimento de planos do que eu?”


Então, ele entrou em um estado de profunda meditação em busca de respostas, além dessa terceira dimensão; eis que então veio uma mensagem clara e objetiva: “Não julgue para não ser julgado...”

No início, essa mensagem não fez sentido, nem mostrou uma conexão com o momento delicado que estava passando, mas que exigia dele a decisão. O que o julgamento tem a ver com a escolha? Por que ele haveria de julgar os outros? Podemos ou não julgar outras pessoas?


Com frequência, ouvimos que não devemos julgar para não sermos julgados. E assim, sem compreender completamente, seguimos em frente na vida, incertos sobre a certeza e a maneira correta de agir.


O que é julgar afinal? O julgamento é necessário na nossa vida?

Julgar faz parte natural de um processo de avaliação e tomada de decisão, no qual entra nossa interpretação sobre algo, alguém ou mesmo o mundo. A opinião tem como base nossas experiências, valores pessoais envolvidos em considerações éticas, morais, intelectuais e principalmente emocionais. Isso acontece em todas as esferas da vida, em contextos pessoais, sociais, profissionais e internos, ao avaliarmos nossos próprios sentimentos e ações.


Portanto, dentro do contexto do mundo em que vivemos hoje, o julgamento é necessário. Avaliar e julgar adequadamente as coisas, as situações e as pessoas com as quais vamos nos relacionar e interagir faz parte para que percorramos o caminho correto que desejamos trilhar. A contemplação da avaliação é sempre necessária, constantemente, e isso por si só já é um julgamento. Seja na forma como nos relacionamos ou na forma como damos nossas respostas ao mundo. Se conseguirmos julgar o conjunto todo, podemos encontrar a maneira mais correta de saber como nos comportar diante das várias partes.


Mas há, entretanto, um tipo de julgamento que merece atenção especial: aquele tingido de hipocrisia. Esse nos condena e, se praticado, pode nos levar à própria condenação. Tornamo-nos hipócritas ao julgar os outros ignorando nossos próprios erros.

Será que estamos dispostos a reconhecer nossas próprias falhas antes de apontar os erros alheios?

 

 

III. Tomada de decisões.



Porém, como parte dos aprendizados que devemos adquirir ao longo da vida, nos equivocamos inúmeras vezes. Aqui nos lembramos de não julgar pela nossa perspectiva, pois não conhecemos os cenários que se apresentaram aos olhos dos outros.


Ele passou dias e noites refletindo, e entediado com a rota de colisão de um julgamento equivocado, buscou informações, e muitas delas estavam voltadas para outros, principalmente nos fatos, e comprováveis nos atos.


Para ser um julgador, faz-se referência a um juiz, um ser que arbitra. Assim, constituiu um elo de conexão com decisão, escolha e definição, e a necessidade de elaboração de um ato conclusivo.


Mas a conclusão tomada está realmente próxima do ponto assertivo? Mesmo tendo domínio do conhecimento das leis criadas pelo homem, o resultado foi correto? Dúvidas pairam no ar, dependendo da interpretação humana e de qual lado a lei prevalece.


Se a necessidade de julgar se torna imperativa, como então deve ser feita?

Uma posição que requer responsabilidade e uma postura adequada que possibilite uma visão clara de todo o histórico antes de qualquer determinação, para que essa conclusão seja precisa. Existem situações diversas com inúmeras possibilidades de interpretações, sob diferentes realidades e conflitos. Julgar, portanto, não pela aparência, mas segundo a reta justiça. A confiabilidade de um julgamento é diretamente proporcional à autoridade moral daquele que o faz. Observação, interpretação correta e controle emocional se apresentam como ferramentas fundamentais.


Como estão nossos requisitos para sermos juízes, da maneira como sempre somos, a todo momento?


Somos seres amplamente emocionais e sabemos como as emoções interferem, alteram e influenciam nossas tomadas de decisões no cotidiano. A Neurociência nos certifica de quanto as emoções pesam e são fundamentais nessas tomadas de decisões, e também nos diz o quanto as emoções são largamente inconscientes. Na maioria das vezes, nem percebemos o que nosso cérebro está fazendo; sua ação se camufla de forma inconsciente para nós. Estamos julgando e sendo julgados o tempo todo, em todos os aspectos de nossas vidas.


 

IV. Julgamentos.


Mas afinal, qual é o processo, o mecanismo que nos leva ao julgamento?


O simples fato de nos colocarmos à frente com nossas preferências pessoais e individuais diante dos outros, envolvendo o certo e o errado ou o melhor e o pior, indica que estamos fazendo um julgamento de preferência. Escolhemos tudo de acordo com nossos gostos ou aversões: alimentos, companhias, estilo de música, cores, roupas etc. Isso é algo muito subjetivo e não é necessariamente baseado em princípios morais ou éticos.


A partir do momento em que essas preferências passam a ter uma dimensão social, envolvendo considerar o que é certo ou errado, justo ou injusto, bom ou mau, de acordo com os padrões de valores éticos compartilhados pela sociedade, elas deixam de ser apenas individuais e passam a ser coletivas. É um julgamento mais objetivo, onde se busca considerar não apenas as preferências individuais, mas também o impacto sobre outras pessoas e sobre a sociedade como um todo. Isso requer a observância dos deveres sociais. A avaliação de uma ação ou decisão baseada em princípios éticos morais faz surgir então o julgamento moral.


Caberiam aqui muitos exemplos de condenações por leis, mesmo que consideradas certas, que não se adequariam àquele momento de transição pelo qual passava. Entretanto, após uma reclusão profunda em mente e pensamento, algo se destacou diante de seus olhos: o julgamento de si próprio. Agora sim, viu-se ainda despreparado para obter algo conclusivo. Mesmo diante de conhecimentos adquiridos e de centenas de experiências vividas, o novo sempre assusta.


Entre ousadia e risco, qual seria o caminho a tomar? Se escolhesse o caminho A, quais os desafios que viriam? E quais outros teria se decidisse pelo caminho B? É comum isso acontecer quando a indecisão domina, prevalecendo em alta o receio, o medo, a fuga, até chegar ao ponto de se estar envolto nas cordas da estática da vida e amordaçado, sem poder sequer gritar por pedido de ajuda. Se não bastasse a guerra interna que se trava diante do desejo e do poder, cai-se num estado de julgamento: um profundo diálogo consigo mesmo.


Não paramos para analisar conscientemente, mas nosso cérebro passa o tempo todo julgando, avaliando e categorizando as coisas como positivas ou negativas, medindo dentro desse parâmetro as preferências individuais ou fazendo julgamentos morais, feitos de maneira automática e inconsciente.


O julgamento é instantâneo; ele ocorre primeiro como uma intuição automática carregada de emoção, influenciada por instintos e experiências passadas, que moldam rapidamente a percepção e a resposta emocional à situação. Ele não precisa da consciência nesse primeiro momento; o raciocínio vem depois.


- “Sabe de uma coisa... na arbitragem aprendi muitas lições que eu poderia ter feito diferente na vida”, ele mexe o suco lentamente com a colher, como se quisesse equilibrar o sabor ácido com o doce, o frio e o morno. “É como esse suco...”, continua ele, “Não fui eu quem o preparou, veio pronto; numa composição que aceitei como ideal em sabor. Imposição do que deveria ser e ter. Muitos sonhos abandonei. Percebi que o condicional ‘se’ não corrige o passado. O mundo me deu o direito de julgar, no entanto, falhei no meu próprio julgamento…”, assim ele diz. E entre acertos e desacertos, continuou compartilhando suas ricas experiências comigo.


Em meio aos desafios e ilusões da vida, podemos enganar a nós mesmos e iludir os outros, mas jamais a nossa própria consciência.


O nosso grande juiz, na verdade, é ela própria. Quer tenhamos ou não conhecimento dela, quer estejamos ou não dentro dos princípios ético-morais de um ser humano, a sua voz inegável permanecerá.


É ela que nos condenará ou nos libertará.


A verdade que nossa consciência insiste em nos contar é o que ressoa em nossas almas, ecoando em nossos dias.


E então, diante das escolhas que fazemos, diante das máscaras que vestimos, precisamos sempre nos questionar: O que afinal, vibra em nossa consciência?


Frente à urgência dos novos tempos, é chegada a hora de enfrentar a tarefa de nos olharmos com mais profundidade. Ainda há tempo para arrependimento e redenção para aqueles que reconhecem seus erros. Esse momento crítico, mais conhecido como Juízo Final, pode ser interpretado de diversas maneiras - seja como uma crença religiosa, uma manifestação de justiça divina, ou simplesmente como uma reflexão pessoal de avaliação crítica sobre nossas ações e escolhas. O desafio se impõe:


Estamos preparados para assumir responsabilidades e prestar contas no Juízo Final?


 

Esta é uma obra editada sob aspectos do cotidiano, retratando questões comuns do nosso dia a dia. A crônica não tem como objetivo trazer verdades absolutas, e sim reflexões para nossas questões humanas.

 


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