Estudos recentes sugerem que a antiga hipótese de Fritz Zwicky pode explicar algumas observações astronômicas do Universo que desafiam o modelo do Big Bang
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Atualmente, a teoria mais aceita sobre a origem e evolução do universo é a do Big Bang, que explica sua constante expansão desde o início de tudo. Na década de 1920, Edwin Hubble observou que as galáxias estavam se afastando umas das outras, confirmando essa expansão. No entanto, há quase um século, outro cientista propôs uma explicação alternativa: a Teoria da Luz Cansada.
Em 1929, o astrônomo suíço Fritz Zwicky sugeriu a hipótese da Luz Cansada como uma tentativa de explicar o desvio para o vermelho das galáxias, fenômeno que Hubble usou para confirmar a expansão do universo. Zwicky propôs que, em vez de o cosmos estar se expandindo, a luz poderia estar perdendo energia conforme viajava grandes distâncias, resultando no efeito de desvio para o vermelho. Embora essa ideia tenha sido amplamente rejeitada pela comunidade científica, novas descobertas do Telescópio Espacial James Webb (JWST) reacenderam o interesse nessa teoria.
O que é a Teoria da Luz Cansada?
A Teoria da Luz Cansada tenta explicar o desvio para o vermelho — fenômeno no qual a luz de galáxias distantes se alonga e se desloca para a parte vermelha do espectro eletromagnético — sem a necessidade de uma expansão do universo. Zwicky sugeriu que a luz perderia energia ao viajar por longas distâncias no espaço, causando essa mudança de frequência. Se estivesse correta, essa teoria significaria que o universo não estaria em expansão, mudando radicalmente o entendimento da cosmologia atual.
"Na década de 1920, Edwin Hubble e George Lemaître descobriram que quanto mais distante a galáxia está, mais rápido ela se afasta da Terra", explicou o pesquisador Lior Shamir, em comunicado recente. Foi essa observação que levou à criação da teoria do Big Bang. No entanto, Zwicky acreditava que o desvio para o vermelho não resultava de uma expansão, mas da perda de energia dos fótons ao longo do tempo.
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Novos Estudos e Observações do Telescópio Espacial James Webb
Em um estudo publicado recentemente na revista científica Particles, o engenheiro e professor de ciência da computação da Universidade Estadual do Kansas, Lior Shamir, trouxe novas evidências que apoiam a Teoria da Luz Cansada. Utilizando dados do Telescópio Espacial James Webb, ele observou galáxias que parecem ser mais antigas do que o previsto pelo modelo do Big Bang, o que contraria a expectativa de um universo jovem e em constante expansão.
As observações mostraram que galáxias que giram na direção oposta à Via Láctea apresentam um desvio para o vermelho menor do que aquelas que giram na mesma direção. Isso sugere que o desvio pode estar mais relacionado à distância das galáxias do que à expansão do universo, algo que a Teoria da Luz Cansada já previa.
O Que Isso Significa para a Cosmologia?
Se confirmada, a Teoria da Luz Cansada mudaria completamente o entendimento que temos do universo. A hipótese de Zwicky propõe um cosmos estático, no qual a luz simplesmente se desgasta com o tempo. Embora a maioria dos cientistas ainda acredite que o Big Bang e a expansão do universo explicam melhor as observações cosmológicas, os dados recentes do JWST abriram a porta para novas discussões.
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Mesmo assim, Shamir e seus colegas reconhecem que suas descobertas não são conclusivas. “O estudo não apresenta nenhuma comprovação empírica”, mas ele espera que futuras investigações possam lançar mais luz sobre essa hipótese antiga. A pesquisa, embora intrigante, ainda não é capaz de derrubar a teoria do Big Bang, que continua sendo a mais aceita pela maioria dos cientistas.
Ainda assim, essas novas observações lembram que a ciência está em constante evolução, e que teorias antes descartadas podem ganhar nova vida à medida que surgem novas tecnologias e métodos de observação. O mistério sobre a verdadeira natureza do universo continua, e estudos como o de Shamir garantem que nossa compreensão do cosmos pode mudar a qualquer momento.