Em outubro, o streaming Prime Video lançará a série "Periféricos", que aborda o conceito de realidade alternada e linhas do tempo
(Prime Video/Divulgação)
Você sabe o que são realidades paralelas? A definição de um universo coexistente ao nosso, com outras versões de nós mesmos e nossas vidas, pode deixar algumas pessoas duvidosas sobre o assunto; até onde eles podem ser reais? Enquanto a ciência ainda estuda a possibilidade desses outros mundos, a ficção científica explora o assunto e seus mistérios há muito tempo; como no caso do escritor William Gibson e Periféricos, próxima série inédita do Prime Video.
A produção que estreia no dia 21 é baseada no livro de mesmo nome, que aborda a história de uma jovem e sua imersão num jogo virtual extremamente avançado. Nisso, a personagem do seriado (feita pela atriz Chloe Grace Moretz) descobre que o mundo do game é uma possibilidade para sua própria realidade.
Periféricos é só um exemplo das várias criações de William Gibson, que é considerado um dos maiores escritores da ficção científica e que ajudou a cunhar subgêneros, como o cyberpunk e a ficção especulativa dentro do sci-fi.
Neuromancer é um dos principais romances de ficção científica a mostrar a realidade da matrix, paralela à nossa
E com isso, discorrendo sobre elementos do ciberespaço, o romance Neuromancer de 1984 é o perfeito exemplo para falar sobre realidades paralelas. A obra (que é o primeiro livro da trilogia do Sprawl) aborda a história de Case, um cowboy ciberespacial que está sob efeito de uma toxina que o impede de acessar a realidade da matrix.
Nisso, o personagem se envolve numa conspiração que pode alterar os limites da realidade, enquanto sobrevive no mundo fora do universo computadorizado que costuma acessar.
Vencedor dos grandes prêmios Hugo, Philip K. Dick e Nebula, Neuromancer aborda a viagem entre mundos que a humanidade pode realizar com a tecnologia. Ao servir como base para a saga Matrix, dirigida pelas irmãs Wachowski, o livro de William Gibson "previu" diversos elementos que são discutidos hoje na ciência, como as inteligências artificiais e a biotecnologia. Neuromancer mostra o ser humano capaz de acessar outras realidades, por meio da rede de informações que ele mesmo criou; acessível, quem sabe, na palma da mão.
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Fora Neuromancer, o próprio livro de Periféricos (lançado no Brasil pela editora Aleph) mostra a existência de realidades paralelas de uma forma ainda menos convencional: pelo compartilhamento de dados. A protagonista, Flynn (que na série é feita por Chloe Grace), presencia um crime dentro do jogo de realidade virtual que aconteceu em outra existência; e a tecnologia é o que forma a ponte para que a protagonista tivesse contato com este "outro mundo" — ou uma possibilidade do que ela já vive.
E fora da ficção científica, universos e realidades paralelas podem existir?
Periféricos explora o conceito de realidade paralela de forma diferenciada, fazendo uma conexão também com as viagens no tempo. Mas para além disso, as realidades paralelas podem existir? Esta é uma pergunta que a mecânica quântica procura responder, e há teóricos que defendem esta hipótese.
O físico americano Sean Caroll, por exemplo, defende no livro Something Deeply Hidden: Quantom Worlds and The Emergence of Spacetime, que múltiplos mundos existem e que é uma questão de tempo até a humanidade ter contato com eles. Para Caroll, em sua teoria, múltiplos mundos podem existir; mas não da forma como os concebemos em nossa imaginação. Segundo o físico, realidades alternativas e paralelas são um fato, mas há padrões a serem estabelecidos dentro das regras da física.
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Essa suposta divergência de realidades foi explorada recentemente no filme Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, lançado pela produtora A24 e estrelado por Michelle Yeoh. Na trama, a protagonista descobre que existe uma infinidade de mundos com versões dela, mas que cada decisão em cada mundo pode influenciar numa cadeia eterna de universos que existem em conjunto.
Por enquanto, a existência de uma realidade paralela é enorme mistério, mas que conquista cada vez mais adeptos com ajuda da ficção. Nisso, William Gibson aparece como um dos escritores que abordou a ideia em seus livros de forma plausível, por meio da tecnologia que a própria humanidade desenvolve a cada dia. Dessa maneira, ainda é preciso descobrir se estes outros mundos são linhas do tempo do que a humanidade já vive, ou se há infinitas versões de nós mesmos espalhadas pela realidade.