Em entrevista, o renomado diretor Steven Soderbergh e produtor discute as rápidas transformações no cenário cinematográfico e como a IA está moldando o futuro do entretenimento
(Foto: Divulgação)
O premiado diretor e produtor Steven Soderbergh, conhecido por seu trabalho em filmes icônicos como Kafka e Onze Homens e Um Segredo, recentemente compartilhou suas perspectivas sobre as mudanças aceleradas em Hollywood, incluindo a crescente presença da inteligência artificial na indústria. As informações foram reveladas em uma entrevista exclusiva ao The Hollywood Reporter.
Ao ser questionado sobre a atual atmosfera em Hollywood, Soderbergh revelou um cenário de incerteza e temor. "Bem, posso dizer que todos estão aterrorizados com tudo. Estamos no meio de uma correção que era inevitável.", disse o diretor, acrescentando que a indústria passou por um período de excessos e está agora enfrentando as consequências de suas ações.
Ele descreveu os últimos dez anos como uma era semelhante ao "Velho Oeste", onde as empresas de streaming emergiram rapidamente e uma vasta quantidade de conteúdo foi produzida, muitas vezes com orçamentos inflacionados. "Foi como o Velho Oeste por um tempo, sabe, de 2010 a 2020, onde parecia que as empresas de streaming surgiram, e um monte de coisas estavam sendo feitas, e as pessoas estavam sendo pagas demais. Eu estava ciente disso enquanto acontecia e estava aproveitando. Mas eu pensava: 'Isso não é sustentável, não pode continuar'", refletiu Soderbergh.
A inteligência artificial (IA) tem sido um tema controverso na indústria do entretenimento, com debates intensos sobre seu impacto no futuro da criação cinematográfica. No entanto, Soderbergh adota uma postura diferente, vendo a IA como uma ferramenta que, quando utilizada com responsabilidade, pode complementar, mas nunca substituir, o trabalho humano.
"Não tenho medo de IA. Não vejo como uma ameaça. Acho que é uma ferramenta interessante. Mas ela não pode substituir, em última análise, pessoas de uma forma que seja ameaçadora. Eu trabalhei com todas as várias ferramentas. Você precisa lembrar: se você dissesse, 'Faça um filme em que tudo, os atores, mesmo que sejam atores conhecidos, a localização, tudo fosse gerado, e parecesse, entre aspas, real', as pessoas estariam cientes do experimento.", comentou o diretor, destacando a importância da intervenção humana na criação de filmes.
Soderbergh também mencionou que o público tem uma reação instintiva contra a ideia de filmes totalmente gerados por IA, pois isso pode parecer uma ameaça à experiência humana de contar histórias. "Acho que o público nunca aceitará um filme totalmente gerado por IA porque isso lhes parece uma ameaça. Eles sentem que a experiência humana foi sequestrada pela tecnologia. E sinto que se você mostrasse a mesma coisa a alguém e dissesse que uma foi gerada por IA, a reação seria diferente. Mesmo que não fosse verdade.", afirmou.
O diretor enfatizou que, enquanto a IA pode ser uma ferramenta valiosa, ela não deve ser usada para finalizar projetos criativos sem a intervenção humana. "Temos uma reação instintiva de nos sentirmos excluídos de uma obra de arte. Então, estou apenas usando de maneiras que acho úteis, mas ela não pode finalizar nada. Um humano precisa finalizar.", concluiu Soderbergh.
Essa perspectiva ressalta a necessidade de equilibrar a inovação tecnológica com a preservação da integridade artística, um tema que é cada vez mais relevante à medida que a tecnologia avança rapidamente.
A visão de Soderbergh sobre o futuro de Hollywood e o papel da inteligência artificial destaca a complexidade e a dinâmica em constante mudança da indústria do entretenimento. Com a rápida evolução das tecnologias e a necessidade de adaptação contínua, é essencial que cineastas e estúdios encontrem formas de integrar inovações sem perder a essência humana que define o cinema.
Enquanto Hollywood navega por essas águas turbulentas, a perspectiva de criadores experientes como Steven Soderbergh oferece uma visão equilibrada e realista sobre como o futuro da indústria pode ser moldado, mantendo sempre em foco o valor da criatividade e da experiência humana.
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